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Desde 2019 que Dada Garbeck assina uma tetralogia, com três discos editado até ao presente - ‘The Ever Coming’, ‘Vox Humana’ e ‘Cosmophonia’. O quarto tomo espera-se ainda para o corrente ano de 2022. Nesta série de trabalhos, a voz e a palavra tomam lugar central numa espécie de narrativa épica, a que se juntam os instrumentos eletrónicos e a percussão. Vislumbra-se também o reflexo de uma pesquisa por músicas tradicionais, convocando um certo grau de ancestralidade na música de Dada Garbeck, através de uma oralidade arcaica, que aqui é resgatada.
Tolkien começa o livro Silmarillion com uma cosmogonia que se alicerça na música para explicar o nascimento do mundo. A música tem esse factor, entre o absurdo e o lógico, que permite as mais simples analogias, bem como as mais complexas. Se pudéssemos desenhar a Cosmophonia proposta por Dada Garbeck, é possivel que coincidisse com o padrão do tecido do cosmos.
A música, curiosamente, parece ser simultaneamente a causa e o efeito de tudo, parece tecer os nós essenciais e invisíveis do mundo, ao mesmo tempo que é a sua manifestação, como se um criador criasse a criatura que o cria a ele. Uma ideia de Cosmophonia é a possibilidade de, ao ouvir, criar.